sábado, 31 de janeiro de 2015

Levanta Alzira os olhos pudibunda

 

*Bocage*

Levanta Alzira os olhos pudibunda
Para ver onde a mão lhe conduzia;
Vendo que nela a porra lhe metia
Fez-se mais do que o nácar rubicunda:

Toco o pentelho seu, toco a rotunda
Lisa bimba, onde Amor seu trono erguia;
Entretanto em desejos ardia,
Brando licor o pássaro lhe inunda:

C'o dedo a greta sua lhe coçava;
Ela, maquinalmente a mão movendo,
Docemente o caralho embalava:

"mais depressa" – lhe digo então morrendo,
Enquanto ela sinais do mesmo dava;
Mistica pivia assim fomos comendo.

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Manuel Maria de Barbosa l'Hedois du Bocage (Setúbal15 de Setembro de 1765 – Lisboa21 de Dezembro de 1805) foi um poetaportuguês e, possivelmente, o maior representante do arcadismolusitano. Embora ícone deste movimento literário, é uma figura inserida num período de transição do estilo clássico para o estilo romântico que terá forte presença na literatura portuguesa do século XIX.

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pu.di.bun.do 
adj (lat pudibundu1 Que tem ou revela pudor; que se envergonha. 2 Que facilmente se escandaliza. 3 Corada, rubicunda.

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