domingo, 26 de junho de 2016

Um país mal auditado

por - Carlos Linneu

Os cientistas políticos constantemente empregam uma das leis da termodinâmica para proceder analogias em suas análises. Uma delas diz que a entropia do universo tende a aumentar indefinidamente.
Traduzindo: entropia é medida do grau de desordem de um sistema. A bagunça tende a aumentar no mundo, a menos que os homens injetem energia de controle.
Colegiais em fila, por exemplo, tendem a dispersar-se, se a professorinha não gastar a energia dos gritos e dos beliscões…
No Brasil está faltando é exatamente o controle entrópico para reduzir a corrupção do sistema. Sem essa energia, o sistema social esquece os limites entre o privado e o público e a gatunagem invade os cofres públicos.
Muito feliz o prof. Stephen Kanitz quando disse há mais de vinte atrás, que o Brasil não é um país intrinsecamente corrupto. É apenas mal auditado. Ou que, “não existe nos genes brasileiros nada que nos predisponha à corrupção, algo herdado, por exemplo, de desterrados portugueses”.
Ouçamos um pouco mais o Kanitz: “as nações com menor índice de corrupção são as que têm o maior número de auditores e fiscais formados e treinados. A Dinamarca e a Holanda possuem 100 auditores por 100.000 habitantes. O Brasil, país com um dos mais elevados índices de corrupção, segundo o World Economic Forum, tem somente oito auditores por 100.000 habitantes.
Nos países efetivamente auditados, a corrupção é detectada no nascedouro ou quando ainda é pequena. Até primeiros-ministros japoneses roubam. Mas são pegos nas redes de controle e a vergonha os fazem praticar a nobreza final do haraquiri.
Aqui temos um COAF, um conselho de controle de atividades financeiras, cuja missão é detectar fluxo de dinheiro na rede bancária, a partir de 10 ml reais. O Petrolão já havia mobilizado bilhões, muitos anos antes que o COAF detectasse insignificante movimentação suspeita de dinheiro em um posto de gasolina de Alberto Youssef.
A explicação não é rebuscada. O COAF integra a estrutura organizacional do Ministério da Fazenda. E aqui pertine a pergunta: teria denunciado o que posteriormente se chamou de Lava Jato (nome oriundo da atividade do posto de gasolina) se houvesse adivinhado aonde iria bater as investigações posteriores do Ministério Público Federal?
Pode o Poder Executivo controla-se a si mesmo? E os tribunais de contas?
Em  por Carlos Linneu
Atualizado em 26 de junho às 09:54

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