Não sei qual papel os intelectuais de hoje devem ter no mundo. A questão é saber se eles de fato querem ter algum papel, e a minha impressão, a partir dos fatos, é que eles não querem ter papel algum. Abriram mão de sua tarefa de consciência moral que tiveram em alguns momentos. Hoje, o escritor, diante da televisão, diante dos grandes meios de comunicação social, praticamente não tem mais voz e, mais do que isso, muitas vezes condiciona sua própria voz aos interesses e às necessidades desses meios. Cada vez mais, somos meros atores de livros, e contribuímos cada vez menos para a formação de uma consciência.
José Saramago, in As palavras de Saramago
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