sábado, 30 de julho de 2011

PESQUISA

 

Mais próximo da cura da AIDS

Médicos conseguem reativar células dormentes do vírus HIV, que antes eram imunes aos efeitos dos antirretrovirais. 

 
Pesquisadores da AIDS, muitos dos quais estão reunidos nessa semana em Roma para um evento da International AIDS Society, estão felizes, e com razão, pelo progresso de suas pesquisas. O uso de drogas antirretrovirais, em particular, não só revolucionou o tratamento da infecção do HIV, como também ofereceu a possibilidade de estancar a multiplicação do vírus. O paciente que não interromper o tratamento ou desenvolver resistência pode contar com uma vida quase tão longa quanto a de um indivíduo não contaminado.

Mas por mais que sejam ótimos em manter a carga viral baixa, antirretrovirais nunca destroem o vírus completamente, logo não curam o paciente de uma vez por todas. Há duas razões para isto. Uma é que apesar de o HIV se reproduzir principalmente em células do sistema imunológico chamadas células T, ele também se instala em certas células cerebrais, intestinais e linfáticas. Nessas células o vírus está protegido por mecanismos que não são, até agora, completamente entendidos. A outra é que até em células T o vírus por vezes para de se reproduzir e entra em estado dormente. Uma vez que os antirretrovirais funcionam intervindo no processo de replicação, os vírus em estado de dormência são imunes a seus efeitos. Caso pare de tomar a medicação, um vírus dormente acordará e rapidamente recontaminará seu hospedeiro.
Mas há uma luz no fim do túnel. Muitos pesquisadores estão abordando a questão dos vírus dormentes de modo contraintuitivo. Eles estão tentando despertar os vírus de modo a aumentar, ao invés de reduzir, a quantidade de HIV no corpo do paciente. O raciocínio é que os vírus despertos matarão as células em questão (logo se matando também) ou encorajarão o sistema imunológico a atacar tais células.
Nenhum estudo publicado até agora conseguiu reativar todo o HIV dormente num ser humano ou numa cultura de células, mas ainda assim tratam-se de passos animadores. Alguns médicos já suspeitam que a reativação total não seja necessária. Se aos novos tratamentos escaparem cópias latentes de difícil ativação do vírus, essas cópias deverão, de todo modo, oferecer menos risco de se reativarem e replicarem naturalmente por estarem num estado mais profundo de dormência.
Infelizmente, nenhuma das drogas atuais lida com a outra parte do problema: os vírus no cérebro, intestino e nódulos linfáticos. Mas muitos profissionais do ramo consideram que a dormência das células T é uma causa mais comum de recaída do que o HIV nesses tecidos reservatórios. Se for possível lidar com esta questão, um grande passo em direção ao conhecimento definitivo da pesquisa do HIV terá sido dado na busca por uma cura rápida e eficiente.
*Texto adaptado para o Opinião e Notícia por Eduardo Sá

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