DEONÍSIO DA SILVA
O ministro Joaquim Barbosa já é herói das redes sociais, da mídia, dos jornais, dos cartuns, ele está em toda a parte. E no STF vive entre tapas e bate-bocas com o ministro Ricardo Lewandowski.
Outro dia Joaquim Barbosa estava no programa do Pânico (Rede Bandeirantes). Surgia da névoa do estúdio, rápido, ameaçando um personagem caracterizado como boa-vida, que queria sombra e água fresca e ameaçava mudar-se para Brasília, onde poderia viver do dinheiro dos outros, como fazem tantos políticos. A figura do ministro apareceu ex abrupto na telinha e a cada desejo que o boa-vida declinava, dizia: é peculato, é desvio de verba, é roubo, é isso, é aquilo, dá cadeia etc.
Joaquim Barbosa tem sido o principal algoz dos mensaleiros. Sofrendo dores lancinantes na coluna, espicha-se todo em cadeira especialmente preparada para ele reclinar-se algumas horas e de lá, qual Júpiter iracundo, lança seus claros raios para iluminar a noite escura que o PT e seus partidos asseclas (mas não apenas o PT, o PSDB também teve o seu mensalão…) fizeram descer sobre o Brasil.
Mas encontraram pela frente um ex-sócio, o deputado federal Roberto Jefferson, que procedeu como o escorpião: tascou uma ferroada no sapo, tal como na fábula, e suas denúncias já resultaram na condenação de vários réus, entre os quais o deputado federal João Paulo Cunha, do PT da região metropolitana de São Paulo, conhecida como o ABC.
Por que Joaquim Barbosa é tão iracundo? Ele não julga apenas. Ele julga com som e fúria. E atraiu todos os holofotes porque desperta grande admiração no público um homem ter a coragem que ele tem.
Talvez lhe sobre consciência de que chegou ao STF, não por suas inegáveis qualidades, seu notório saber, sua reputação ilibada, mas por ser negro. Apesar de a cor da pele ser símbolo dos novos tempos de inclusão social, isso seria razão adicional. O principal é que ele atenda aos primeiros quesitos, como de fato atende.
O caso de Ricardo Lewandowski é bem diferente. Trabalhou como assessor jurídico de prefeitura do ABC, não aparenta ter notório saber, seus conhecimentos jurídicos estão bem abaixo das alturas às quais devem chegar ministros do STF e, em vez de reputação ilibada, pesam-lhe suspeitas de que atua mais como advogado de defesa de alguns réus do que como juiz que deve absolvê-los ou mandá-los para a cadeia, mesmo ficando com gosto de jiló na boca, como disse o presidente do STF, ministro Ayres Britto.
De todo modo, dois representantes de duas das etnias mais excluídas do Brasil brigam todos os dias no STF. Cousa é que admira e consterna, como diria Machado de Assis.
O sociólogo Octavio Ianni, da USP, autor de vários livros referenciais, disse que “o polaco é o negro do Paraná”. Um dos últimos imigrantes europeus, o polaco foi escravizado pelos primeiros, já bem-sucedidos, como o alemão e o italiano. Pois é! E agora o polaco e o negão brigam no STF! Cronista semanal, registro que observei este pormenor. Os leitores que façam seu juízo, naturalmente por conta própria. Leitor é livre!
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