terça-feira, 18 de novembro de 2014

“CARTA A UM PETISTA”


Frei Beto.
Rio – Meu caro: recebi sua carta na qual descreve a confusão política que o atormenta. Pressinto quão sofrido é ver o seu partido refém de velhas raposas da política brasileira, com o risco de ser definitivamente tragado, como Jonas, pela baleia.
Pergunto-se se o PT voltará, algum dia, a ser fiel a seus princípios e documentos de origem. Hoje, ele luta por governabilidade ou por empregabilidade de seus correligionários? É movido pela ânsia de construir um novo Brasil ou pelo projeto de poder?
Nunca fui filiado a partido, como você sabe e muitos ignoram. É verdade que ajudei a construir o PT, mobilizei Brasil afora as Comunidades Eclesiais de Base e a Pastoral Operária.
Eleito presidente, Lula me convocou para o Fome Zero. Aceitei. Mas o governo que criou o Fome Zero decidiu por sua morte prematura e deu lugar ao Bolsa Família.
Trocou-se um programa emancipatório por outro compensatório. Peguei o meu boné. Tudo isso narrei em dois livros, “A Mosca Azul” e “Calendário do Poder”.
Amigo, não o aconselho a deixar o PT. Não se muda um país vivendo fora dele. Há no PT muitos militantes íntegros, fiéis a seus princípios fundadores e dispostos a lutar por uma nova hegemonia na direção do partido.
Ainda que você não engula essas alianças “espúrias”, sugiro que prossiga no partido e vote em seus candidatos ou nos candidatos da coligação. Mas exija deles compromissos públicos. Lute, expresse sua opinião, revele sua indignação.
Ajude o PT a recuperar sua credibilidade ética e a voltar a ser expressão política dos movimentos sociais que congregam os mais pobres e as bandeiras que exigem reformas estruturais no Brasil.

(Fonte: Jornal O DIA)
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Leia o original aqui: http://www.visaopanoramica.com 

 

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