segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Exclusivo

A sua internet não é igual à de todo mundo: ela leva até você conteúdo personalizado. Mas será que essa "bolha" sabe mesmo o que você quer e do que realmente precisa?

Por Juliana Carpanez
Seguir alguém no Facebook não garante que você verá todas as atualizações feitas por aquela página ou pessoa. Da mesma forma que uma busca no Google pode mostrar resultados diferentes para o mesmo perfil dependendo em qual máquina seja feita. Essa seleção tenta entregar ao internauta aquilo que realmente faz sentido para ele. Ou, como diz uma frase atribuída a Mark Zuckerberg; a morte de um esquilo, na frente de sua casa, pode ser mais importante para você do que pessoas morrendo na África.
A forma como cada um usa a internet dá origem a bolhas personalizadas de conteúdo, que existem graças aos algoritmos - conjunto de regras para executar uma tarefa ou resolver um problema. "Os algoritmos deixaram de funcionar como uma receita tradicional de bolo e se adaptaram ao gosto do freguês; esta pessoa quer um bolo só de maçã, mas a outra também quer canela", explica Fábio Gandour, cientista-chefe do Laboratório de Pesquisas da IBM Brasil.

Como a internet sabe do que você gosta?

A tendência dessa personalização é a internet trabalhar cada vez mais para o usuário se esforçar cada vez menos. Em comunicado ao TAB, o Facebook afirma que o envio do conteúdo terá um "timing preciso" à medida que o sistema conhecer mais profundamente os hábitos de cada um.
Nesse sentido, a meta do Google é antecipar as perguntas - até mesmo para antes delas serem feitas. Esse terreno já começa a ser explorado pelo serviço Google Now, que indica espontaneamente quanto tempo se leva para chegar ao trabalho e se há algum acidente naquela rota. Pelos planos da Netflix, não será preciso fazer escolhas; na hora do clique, o aplicativo saberá qual o conteúdo mais adequado para exibir naquele momento.
Hoje, quando alguém pesquisa um produto, a publicidade pode segui-lo durante a navegação. Mas o apelo será bem maior se essa mesma propaganda - usando dados coletados da internet - mostrar automóveis com a cor, marca e acessórios favoritos do usuário. "Não é para ter medo, mas sim consciência sobre a situação", afirma Gandour sobre a influência que esses sistemas poderão ter sobre a vida das pessoas, ajudando-as a tomar decisões sem que elas necessariamente percebam.

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