domingo, 18 de setembro de 2016

Lula mente até quando diz uma verdade

OLUNAAUGUSTO NUNES

Augusto Nunes

 

Em julho de 2005, quando a descoberta do Mensalão transformou em certeza a suspeita de que o país era governado por um bando para o qual os fins justificam todos os meios ─ começando pelo fim da vergonha ─, Lula mostrou que mente até quando diz uma verdade: “A desgraça de quem conta a primeira mentira é que tem que passar a vida inteira mentindo”, ensinou o Mestre a seus discípulos.
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Essa velha lição, que o ex-presidente sempre desprezou, foi exumada nesta quinta-feira, durante opalavrório endereçado aos procuradores federais engajados na Operação Lava Jato: “A desgraça de quem conta a primeira mentira é que tem que passar a vida inteira mentindo”, repetiu enquanto se esforçava para lubrificar pieguices com lágrimas de esguicho. A reprise da frase, que poderia servir de epígrafe a uma biografia do presidente que saiu da história para cair na vida, justifica a republicação do texto que comentou o monumento ao cinismo eternizado no vídeo gravado há mais de dez anos:
Em julho de 2005, com o Brasil ainda imerso na perplexidade decorrente da descoberta da roubalheira do Mensalão, o presidente Lula revelou numa entrevista a constatação que teria contribuído para transformá-lo num fervoroso devoto da verdade: “A desgraça da mentira é que você, ao contar a primeira, você passa a vida inteira contando mentira para justificar a primeira que você contou”.
Certíssimo. Ocorre que nosso Lincoln de galinheiro sempre se lixou para os fatos e não tem compromisso com o que diz. Nunca teve. Caso levasse a sério a frase recitada no vídeo de 9 segundos, não teria passado a vida inteira tentando justificar com a mentira de hoje a mentira de ontem ─ uma e outra inventadas para safar-se de alguma bandalheira. O estoque de fantasias parece perto do fim.
Depois de 24 horas de silêncio, o Instituto Lula manifestou-se por meio de uma nota sobre a história muito mal contada que rima sítio em Atibaia com cenário da maracutaia. Um trecho do palavrório confirma a aflitiva escassez de álibis: “Desde que encerrou o segundo mandato no governo federal, em 2011, o ex-presidente Lula frequenta, em dias de descanso, um sítio de propriedade de amigos da família na cidade de Atibaia”.
O que deveria ser um desmentido ficou com cara de confissão. Como tantos políticos que enxergam no espelho um imbatível campeão em tudo, o camelô de empreiteira ignorou a advertência popularizada por Tancredo Neves: esperteza, quando é muita, vira bicho e come o dono.

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