“Eu quero dizer que é constitucional a figura da anistia,
qualquer que ela seja”, disse o mais novo Ruy Barbosa da praça. Trocando
em miúdos essa frase cretina, pode-se chegar à conclusão de que, se
todos os autores de crimes hediondos forem anistiados por uma
benemerência de seus coleguinhas parlamentares, a decisão será fiel à
Constituição da República? Não o leve a mal, caro leitor. O entrevistado
de sábado no Estadão quer apenas anistiar os partidos
políticos que cometerem crimes fiscais em campanhas eleitorais. “Delação
só deve ser admitida com delator solto”. Será que o distinto
cavalheiro, que, por enquanto, está solto, se candidata à delação? Qual o
quê! Quer apenas desmoralizar delações de criminosos confessos presos
para livrar-se das acusações que pesam sobre seus ombros. A que a
Operação Lava Jato poderá levar o Brasil, se não for contida sua
natureza de “inquérito universal”? A resposta do distinto foi magnânima:
“Não acho que deva ser extinta, mas conduzir ao ponto que (sic)
estamos chegando da criminalização da vida pública, é o que nos envia
para a tirania”. Ou seja, como já disse o padim Lula, político corrupto
que ganha eleição deveria gozar de impunidade. E Papai Sarney fez tanto
pelo Brasil que não deveria participar dessa tolice de igualdade de
todos perante a lei. Com direito a estender a prerrogativa a seus
apaniguados?
O autor dessas frases lapidares (são verdadeiras pedradas!) não
tem autoridade nenhuma para proferi-las. Mas tem poder. Ah, isso, tem,
sim! Pode crer, preclaro leitor. O cidadão chama-se Edison Lobão, tem 81
anos e é maranhense de Mirador. Adquiriu o conhecimento jurídico com
que nos tenta impingir as pérolas reproduzidas no Estadão de
sábado em entrevista que deu a Julia Lindner e Caio Junqueira, quando
era jornalista (medíocre) de província ou carregando pasta de José
Sarney, mercê de quem foi governador do Maranhão de 1991 a 1994, é
senador e fez o filho suplente e também titular, enquanto era ministro
de Minas e Energia (de 21 de janeiro de 2008 a 31 de março de 2010), no
governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, depois, durante o
primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff. No Senado, atuou no
chamado “baixo clero” e, no Ministério, desempenhou o papel atribuído
pela sabedoria popular a quadro de Cristo em prostíbulo: “a tudo assiste
e nada fala”. Pois, sob sua carantonha de facínora de faroeste passou
despercebido o maior escândalo de corrupção da História da humanidade: o
propinoduto da Petrobrás. Por conta dessa distração, coitado, é
investigado pela Polícia Federal (PF) e pela força-tarefa da Operação
Lava Jato. É que é acusado de prática de corrupção passiva por delatores
premiados, alguns dos quais, por sinal, estão soltos. Embora cumpram
pena no conforto do lar, sem carregar as bolotas de ferro dos Irmãos
Metralha de Walt Disney, mas tornozeleiras bem menos incômodas. Justiça
seja feita a Lobão: ele não podia perceber a roubalheira da Petrobrás
mesmo, pois, afinal, ocupava-se em não deixar pedra sobre pedra do setor
mineral e energético nacional. Nisso, aliás, funcionou com perícia e
astúcia.
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