quarta-feira, 20 de junho de 2018

Soneto 54

 

Ó, muito mais linda parece a beleza
Docemente ornada pela verdade!
A rosa é linda, mas a julgamos ainda mais bela
Pelo suave odor que exala.
As rosas silvestres têm o mesmo tom
Que as rosas perfumadas e coloridas,
Presas a seus espinhos, e brincam, voluptuosas,
Quando o hálito do verão as abre em botão;
Mas, como a aparência é sua única virtude,
Vivem esquecidas, e murcham abandonadas –
Morrendo solitárias. Doces rosas não fenecem;
De suas ternas mortes exalam os mais doces perfumes,
Assim como de ti, linda e amável donzela,
Ao feneceres, tua verdade destilará nos versos.
William Shakespeare

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